8/15 - Crónicas & Cª.

  • Colaboração: Felícia Sampaio - Editora Culinária do Gastronomias.com
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"Quem não se importa com o próprio estômago, dificilmente se irá importar com outra coisa"...Samuel Johnson



Crónicas


8/15

Estranhará o Leitor ser um número o título de hoje. Assim igualmente se chama um livro ou, melhor dizendo, a trilogia do escritor alemão Hans Hellmut Kirst (H.H.K.). A genérica designação, desdobra-se em três subtítulos: A Caserna, A Guerra, A Derrota. Achei-a perfeitamente adaptado às circunstâncias que vivemos especificamente àquele tema que me havia proposto tratar - as eleições presidenciais e o ser e estar português, no antes, no acto e no pós momento eleitoral. Explico ao revés este pensamento. Primeiro por não haver dúvida que o País, a Europa, quiçá o Mundo, se subordinam à prepotência alemã da Senhora Merkel que, por cá, manda e comanda, pensamentos e actos do Primeiro-Ministro e inefável Ministro das Finanças. Ora a obra de Kirst, decorre também em momento de domínio, pela Alemanha do Mundo, sobretudo da Europa, que então ainda “era” o Mundo. Claro que não há comparação entre o mandar da Senhora Merkel e a loucura hitleriana, fulcro da Trilogia. Porém, o centro das decisões da Europa - cada vez menos o Mundo – e, sobretudo, deste país, neste momento, do (des)governo socretino-cavaquista, segue sendo a Alemanha, directamente ou através da figura virtual dos “mercados”, capa para isentar trinta anos (pelo menos) de desgoverno do que, antigamente se dizia a Nação. Segundo porque o momento eleitoral da Campanha (medíocre) e o resultado (triste) se podem caracterizar na denúncia de H.H.K. Terceiro por esse ser e estar eleitoral (melhor diria eleitoralista) traduzir o ser e estar geral do país: acomodado e encarneirado.
Definida a associação, a nós, do espaço e tempo da acção, avancemos no que acresci como razões da minha escolha. Indiscutível a mediocridade da Campanha Eleitoral. Não haja cera com ruim defunto. Permito-me, porém, rever o triste resultado eleitoral. Já aqui o prenunciara (cf. “O rei das Berlengas”). Irei do fim ao princípio. O Dr. Defensor de Moura, sem as cabras do Gerês – por não terem (ainda) cartão de “cidadoas” - reduziu-se a “quinta coluna” com encomenda para a lebre dos enxovalhos. Depois, aos costumes disse e teve NADA. José Manuel Coelho, foi um pouco além do “Tiririca da Madeira” porque a falta de respeito para com cargo e o acto serviu perfeitamente para nele votarem aqueles que - não querendo abster-se nem Votar Branco ou Nulo - em conta alguma tinham/têm o acto, por si mesmo, ou pelos candidatos. Este sentido de voto não foi considerado nas análises dos comentadores, dos fazedores de opinião, nem dos sabichões dessa nova casta designada: os politólogos. Francisco Lopes, repete-se era o Voto PC. Ficou aquém do “real” número de eleitores PC. Ou a “realidade” mudou ou a fidelidade partidária já não é o que era. Contudo, a Campanha simpática, limpa e séria de Francisco Lopes merecia-a. Sigo não entendendo a candidatura do Dr. Fernando Nobre. Deveria saber que este tem medo do poder. Logo, vota com o poder: com os Partidos. Ninguém será eleito fora deles. Irrefutável a sua grandeza Humana e a fraterna Solidariedade. Insuficientes, porém, para desencarneirar o Voto Partidário. Até porque a Solidariedade, como me lembra o meu aluno de há muito, colega de ontem e hoje, Amigo de sempre, professor Manuel Carraco, virou, por cá, “economia social”. Continuo a não aceitar, (pelo respeito que a sua figura de HOMEM me merece) ter sido uma encomenda do Dr. Mário Soares. Que este terá tido prazer pela derrota de Alegre, não tenho dúvidas, mas, também digo à sua experiência política e à sabichice dos comentadores, fazedores de opinião, e politólogos, que Fernando Nobre não terá (como dizem) tirado Votos a Manuel Alegre. Os Votos em Nobre (como no “Tiririca”) eram Votos contra Alegre e Cavaco. Raros (se os houvesse) os Votos que, a não existir o Candidato, fossem para Alegre ou Cavaco. Tenho a “certeza” que teriam aumentado a abstenção, os brancos ou os nulos; um que outro Comunista teria votado Francisco Lopes; meia dúzia teria dado o Voto a José Coelho e algum soarista votado Defensor Moura. NUNCA Alegre. As minhas “sondagens” asseguram-no. Manuel Alegre perdeu (garanti aqui que ficaria longe dos Votos de 2006) quando perdeu espontaneidade, sinceridade, independência. Perdeu, pelo apoio do PS socretino e do BE. Se entendo o apoio do Eng.º Sócrates (eleger Cavaco era o objectivo) já não compreendo o apoio do Dr. Louçã, que, abrenúncio, redundaria no mesmo. Chegámos pois ao 1º - o Professor Cavaco. Grande triunfador (e com ele Sócrates) e grande derrotado (pelo que “só” Sócrates venceu). Triunfo por ter sido reeleito como queria e para o que geriu, calculista, o mandato, a partir da política de afastar estorvos (marcante a traição a Santana Lopes, que levou Sócrates ao poder). Está em Belém, que, ali, repouse em Paz.
Derrota por:
1 – Ter sido o Presidente reeleito com menos votos, perdendo mais de meio milhão relativamente a 2006.
2 – Ter perdido estrondosamente para a abstenção, votos brancos, nulos e não partidários.
3 – Ter visto abalada a imagem de Homem sério, que por certo é, mas que será (seria se não fossemos um país de bananas) obrigado a explicar de forma mais cabal do que o fez na Campanha eleitoral.

Tudo isto - retrato do país que temos - coincide com o pensar de H.H.K, sobre a Alemanha de então e justifica o intitular eu o escrito com o insólito de um número como a trilogia livresca. O caso é que H.H.K. denuncia o espírito das Juventudes partidárias, no caso a hitleriana, que de modo algum comparo à JS ou à JSD, mas que sofremos na carne com o domínio político dos Sócrates, dos Lacões, dos Silva Pereiras, dos Passos Coelho, dos Nuno de Sá (PSD – Viana do Castelo) que, sabe-se hoje, defendeu o “Casamento dos Homossexuais”, contra o Programa do PSD, porque queria casar com um tal Yanez, desrespeitando o eleitorado que o pôs em S. Bento); Sérgio Sousa Pinto eleito igualmente para apresentar e defender a mesma lei contra natura, que o Parlamento votou e o Presidente Cavaco, sem dar cavaco a quem o elegeu, se apresou a promulgar. Insurge-se contra o oportunismo negocial sobreposto ao interesse do Povo e da Nação (com perdão), que lava ao suborno e `a corrupção. Levanta-se contras a ambição que usa a cobardia do interesse com vista ao triunfo pessoal. Culmina com a realidade (tão personalizada entre os nossos governantes) de que “todas as ordens (principalmente as da Senhora Merkel, via Bruxelas) são sagradas. Pouco importa que sejam dadas por pessoas honestas, por corruptos ou idiotas.”
Tudo razões que respaldavam suficientemente a minha escolha. Outra maior se “alevantava”. Como se sabe foram estas eleições conspurcadas, quiçá viciadas, pelo imbróglio do cartão de cidadão, que, no império das novas tecnologias, cadastrou o cidadão por um número. Número insólito e imperfeito, já que o de Cidadão Eleitor não consta. Na ânsia de modernizar, ignoraram o perigo das técnicas. Nelas não atentou o Ministro. Aliás na linha das muitas “desatenções” que tem tido ao longo de um mandato onde se tem mostrado incapaz. Incapacidade evidente e desastrosa: prevenção dos fogos, combate aos mesmos, apoio aos bombeiros, segurança/insegurança, blindados já não são precisos…. Se a tudo acrescermos este desrespeito para com o cidadão, vemos que mais do que se justificava (justifica) a demissão do Ministro que sendo indubitável e fanaticamente PS, não houvera pejo em aceitar o lugar de Juiz no Tribunal Constitucional que exige saber e isenção, predicados de que carece, mas à falta dos quais responde com vago pedido de desculpas e abertura de inquérito num sabe-se lá quando. É por estas e outras que este país, sobrepondo à dignidade da PESSOA a obsessão do deficit (outro número) mergulhou na bandalhice complacente da Caserna, e daí ao pesadelo da Guerra e à agrura da Derrota. Por força - como sintetiza H.H.K.– de uma governação rotineira e estúpida expressa e aceite como fatal.

Dr. Reis Torgal, 09/02/2011

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Autora Felícia
Sampaio

Editora culinária do Gastronomias (Roteiro Gastronómico de Portugal) desde 1997. "Sou apaixonada por gastronomia e quero transmitir-lhe essa paixão nas minhas receitas tradicionais, comida de conforto e sobremesas soberbas."

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