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  • Colaboração: Felícia Sampaio - Editora Culinária do Gastronomias.com
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"Acredito que nas marés de incerteza,sempre tem uma onda de boas notícias"...Alessandra Piassarollo


VINHO DO PORTO: UMA CRIAÇÃO PORTUGUESA, MAS UMA DESCOBERTA INGLESA


É muito habitual dizer que o Vinho do Porto é o Embaixador de Portugal, mas a verdade é que, o Vinho do Porto como o conhecemos hoje, rico em grau alcoólico e doce, foi talhado ao gosto inglês. Devemos por isso olhar para a história deste vinho como uma criação portuguesa, mas uma descoberta inglesa



É do conhecimento da maioria os vários Tratados que foram assinados entre Portugal e Inglaterra, sendo o mais referido, quando se fala de Vinho do Porto, o Tratado de Methuen, assinado em Dezembro de 1703.

Estes Tratados não foram mais do que “um convénio de comércio e navegação, que incidiu exclusivamente sobre as relações comerciais entre Portugal e a Inglaterra”.

Mas o despertar dos ingleses pelo nosso vinho é anterior à assinatura do Tratado de Methuen. Outros acontecimentos vieram impulsionar muito antes a exportação de vinhos portugueses, foram eles, o agravamento das relações franco-britânicas na segunda metade do século XVII e o desenvolvimento das colónias norte americanas, apenas para dar dois exemplos mais marcantes.

Nesta altura os vinhos exportados pela barra do Porto, figuravam nos registos ingleses como “Port Wine” ou “Port to Port Wines” e de 200 tóneis ao ano passamos a exportar 6000 tonéis.

Com todas as vantagens que os ingleses tinham em comprar vinho em Portugal, era importante oferecer o que o mercado inglês consumia. Era pois necessário oferecer um vinho que mais se aproximasse dos vinhos de Bordéus, e também dos vinhos de Jerez (Espanha). Vinhos com “força”, “fragrância” e “cor”, e os vinhos produzidos nas encostas do vale do Douro ofereciam isso e quando convenientemente “tratados” aguentavam o transporte e conservavam-se em boas condições por mais tempo. Por isso, na altura, já gozavam de boa reputação.

Em muito ajudou também o rio Douro, excelente via de comunicação, que permitia “os vinhos de Mesão Frio, Vila Real e Lamego desde há muito descessem regularmente para o Porto e dispusessem de um circuito comercial”.

Inicialmente consumido nas tabernas da cidade do Porto, depois pelos marinheiros nos Pub’s, o vinho de então tinha de ser inebriante, para se esquecer as amarguras da vida. A transformação no Vinho do Porto que conhecemos hoje, um vinho encorpado quando jovem, doce e rico em álcool, um produto reputado (ou não fosse ele o Embaixador de Portugal!), foi um “processo lento, feito de sucessivas experiências para adaptar um vinho naturalmente forte e áspero, num outro mais suave que correspondesse ao gosto do mercado e aos condicionalismos temporais das viagens e dos estágios mais ou menos prolongados nas docas de Londres e nos armazéns ingleses”.

Levaria algumas décadas para os vinhos exportados pela barra do Douro tornarem-se um produto admirado pelas elites inglesas, só quando o seu perfil foi adaptado ao gosto britânico, a sua procura começou a aumentar, tal como o preço que suplantou na procura outros vinhos europeus, ganhando a reputação que ainda hoje granjeia.

Brindemos ao Vinho do Porto com um copo de Vintage!


in SAPO

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Autora Felícia
Sampaio

Editora culinária do Gastronomias (Roteiro Gastronómico de Portugal) desde 1997. "Sou apaixonada por gastronomia e quero transmitir-lhe essa paixão nas minhas receitas tradicionais, comida de conforto e sobremesas soberbas."

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