Tavira é região de peixe, marisco e gastronomia serrana. A qualidade e variedade é tão grande que um peixe grelhado ou umas amêijoas podem ser um autêntico manjar dos deuses. E depois tem receitas próprias como cataplanas, caldeiradas, ou os petiscos e acepipes que são refrigério para um dia bem passado.
Mas também tem serra, com receitas próprias, soberbas, como o cozido de grão ou o galo guisado, não esquecendo a deleitosa açorda de galinha ou a apetitosa caça.

Tavira, dispõe de uma cozinha rica, inteligente, onde o próprio clima impôs a descoberta de algumas formas bem peculiares de utilizar os alimentos mais correntes. Terra de tradições e história, Tavira sabe acolher com uma boa mesa o seu visitante. Para mim, é a cidade algarvia onde melhor se come, considero-a mesmo a capital da gastronomia do Algarve.

Tudo isto vem a propósito de um almoço marcado pela Confraria dos Gastrónomos do Algarve num restaurante, de seu nome “Gilão”.
Gilão é o nome do rio que atravessa Tavira. Num dos lados está o antigo Mercado da Ribeira de Tavira. Edifício datado do século XIX, que funcionou até 1999 como mercado de abastecimento. Atualmente, é um local amplo com lojas e restaurantes e onde decorrem várias exposições.
É aí que está localizado o Gilão restaurante. Tínhamos estado neste restaurante em Janeiro de 2015.

Um dos restaurantes mais emblemáticos de Tavira, junto ao rio que lhe deu o nome, propriedade do conhecido João Botelho, com a gerência da filha Ângela Botelho.
Ao comando da cozinha está a Chefe Cecília Paixão que propõe uma gastronomia especial, singular e criativa.
Restaurante com excelente esplanada e com uma das vistas mais bonitas de Tavira.

O “Gilão” permite viajar pelos paladares algarvios, com uma “roupagem” diferente, ousada e desenvolta.
Fomos encaminhados para a mesa marcada para os Confrades, onde a conselho da Ângela Botelho, foi elaborado o cardápio do almoço confrádico.
Assim, abrimos com uma “Tempura de polvo e mel picante”. O mel picante faz realçar a textura do polvo. Excelente! Bom começo!
Seguimos para umas “chamuças de cavala”. A chamuça, especialidade chegada a Portugal através da culinária indo-portuguesa de Goa, Damão e Diu, outrora pertencentes ao Estado Português da Índia, ganha outro encanto com o recheio da cavala. Bela ousadia da Chefe Cecília. A chamuça, perfeita, com boa textura, fritura correcta. Os sabores do caril, intensos e picantes, com o apimentado do gengibre, deram-lhe uma certa frescura com odor a limão. Chefinha…NOTA 10!
Seguiu-se um Chévre crocante em torrada com compota de tomate, no ponto, para mim com o senão que deveria ter vindo antes da chamuça.
Terminámos com “lombinhos de porco com uvas e batata-doce” bem servido em qualidade e quantidade (a mais). Sabor intenso, boa conjugação de sabores. Batata-doce de Aljezur, única com Indicação Geográfica Protegida pela União Europeia.

Surpreendentes criações da chefe Cecília Paixão, onde em quase todas enaltece o Algarve. Felicitações pela paixão que tem aos produtos algarvios e pelo amor e excelente uso que faz deles. Excelente "mão". Queremos experimentar mais!

Acompanhámos com vinho “Cabrita”, também membro da Confraria.

Almoço agradável, na companhia dos membros da Confraria. É sempre bom estar com eles. Continuamos juntos!

Com cerca de um ano, nesta nova versão do Gilão (antes era snack-bar), temos aqui um caso de sucesso, a satisfazer velhos e novos admiradores. A simpatia, e a qualidade que Ângela Botelho, também membro da Confraria dos Gastrónomos do Algarve, transmite no seu restaurante, demonstra categoria profissional e humana, obrigando a que as visitas ao seu espaço se repitam. É gratificante parar, entrar e abancar.
Com a personalidade e qualidade demonstradas, seguramente, vamos ver o restaurante Gilão a somar e seguir...

Vamos voltar...

José Manuel Alves
03 de Julho de 2016